Lidar com doenças crônicas é uma tarefa difícil tanto para os portadores quanto para seus familiares. A situação torna-se ainda mais delicada quando essa doença se manifesta na pele. Numa sociedade em que o aspecto exterior é fator de exclusão, aqueles que apresentam qualquer característica que fuja dos padrões estéticos estabelecidos corre o risco de ser discriminado.
Para atender pessoas nessas condições, há três anos, foi criado o serviço de auxílio psicológico para crianças e adolescentes portadores de doenças crônicas de pele e seus familiares, um projeto vinculado à pesquisa e extensão do Departamento de Psicologia da Uel.
Sob a coordenação da Professora Márcia Gon, a iniciativa visa atender jovens portadores de doenças como vitiligo, dermatite atópica e psoríase, que acometem uma parcela considerável da população mundial. De acordo com a psicóloga, entre os principais problemas identificados no comportamento dos pais e das crianças participantes do projeto estão a ansiedade que eles e os filhos apresentam frente a essas doenças, cujas curas ainda não foram descobertas e que provavelmente os acompanharão durante toda a vida; o estresse, que é uma resposta biológica dada pelo corpo aos estímulos e pressões externas; e o preconceito social. Fatores esses que agravam ainda mais o quadro das crianças que já sofrem diariamente com o incômodo das lesões causadas pelas doenças.
“Por serem doenças que se manifestam externamente, as crianças são apontadas na escola e muitas vezes têm dificuldade para explicar o que está acontecendo com elas. Por isso é importante a orientação do psicólogo para que os pequenos desenvolvam um entendimento melhor de sua situação e maneiras de enfrentar o preconceito”, explica a professora.
O atendimento aos pais e aos filhos é feito através de psicoterapias em grupo. Nessas ocasiões, os pais têm a oportunidade de trocar experiências, identificar-se, e aprender com outros pais que vivenciam situações parecidas com a deles. Para as crianças, são desenvolvidas atividades lúdicas. O resultado do esforço, segundo Márcia, é uma maior facilidade dos pequenos em expressar seus sentimentos e, para os pais, um alento.
Integram o projeto estudantes do terceiro e quarto anos do curso de psicologia. Camila Menezes já colaborou em anos anteriores; hoje, formada e estudante de pós-graduação, pretende continuar com os atendimentos. “Foi uma ótima experiência que me fez aprender bastante, porque eu também carregava alguns preconceitos com relação a doenças de pele. No grupo, percebi que as dificuldades que os pais apresentavam eram as mesmas daqueles que não tinham necessariamente filhos com esses problemas, como desobediência, irritação e dificuldade de comunicação”, exemplifica.
A orientação psicológica é de extrema importância para a família. Além disso, contribui com o tratamento médico, uma vez que melhora a forma como pais e filhos lidam com a doença. E isso é refletido na redução do número de vezes em que as famílias procuram atendimento nos hospitais.
Serviço:
Os interessados em participar do projeto devem ligar para o telefone (43)3371-4237. O início dos atendimentos está previsto para o mês de agosto.