Londrina registra 360 nascimentos por mês

Diretor da Maternidade Municipal pretende reduzir cesarianas e acredita que é preciso conscientizar pais e médicos sobre a importância do parto normal

Por Edson Ferreira

A Maternidade Municipal Lucilla Ballalai, de Londrina, realiza aproximadamente 360 partos por mês. Segundo o diretor clinico da maternidade, Evaldir Bordin Filho, 25% dos nascimentos ocorrem através de cesáreas. “Nosso objetivo é reduzir este número para 15%, seguindo as orientações da OMS (Organização Mundial de Saúde)”. O médico aponta que o procedimento torna-se mais humanizado quando é feito o parto normal. “Existe maior integração entre mãe e filho e a recuperação da mãe é muito mais rápida para começar a cuidar do bebê logo em seguida”, esclarece Bordin Filho.

O Governo Federal lançou esta semana a Campanha Nacional de Incentivo ao Parto Normal e divulgou dados de um levantamento feito em todo o país. No Brasil, 43% dos partos, tanto na rede pública quanto na particular, são cesarianas. Para o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, “o país vive uma epidemia de cesáreas”. O setor particular da saúde é o que registra o maior número de cesarianas. Entre as mulheres que possuem planos de assistência médica, 80% optam pela cirurgia.

Para o diretor clínico da Maternidade de Londrina, a Campanha lançada pelo Ministério da Saúde não vai alterar o trabalho realizado na cidade. Bordin Filho garante que Londrina já se antecipou ao promover a humanização do parto. “Somos pioneiros em trazer os pais para acompanharem todo o procedimento ao lado das mães neste momento tão importante para a família”. Segundo o médico, a cirurgia cesariana é indicada apenas quando existe riscos para a criança ou para a mulher.

A Campanha de Incentivo ao Parto Normal prevê ainda que toda a rede de saúde esteja integrada para garantir um bom acompanhamento pré-natal. “Só assim a gestante poderá esperar com tranqüilidade a hora certa do nascimento”, destaca Bordin Filho. De acordo com ele, o movimento na maternidade, que atende também Cambé e Ibiporã, tem aumentado e logo será necessário ter mais espaço. “Já temos a intenção de ampliar as nossas instalações”. Mas ele reconhece que para oferecer todo o conforto necessário às gestantes não basta concentrar o trabalho na maternidade. “É fundamental que toda a rede de atenção à saúde esteja preparada para dar a devida atenção às futuras mamães”, alerta Evaldir Bordin Filho.

Published in: on 13/05/2008 at 11:35 PM  Deixe um comentário  

Quadrinhos para quadrados

Este é o título de um livro dos anos 70, que tentava explicar o que era, afinal, aquele gênero da arte que tanto empolgava as crianças. Eloyr Pacheco, editor de uma das principais revistas de quadrinhos do Brasil, buscou o mesmo objetivo durante a palestra “História das Histórias em Quadrinhos”, realizada na última quinta-feira em Londrina

Por Mie Francine Chiba

O editor de uma das principais revistas de quadrinhos independentes do Brasil veio a Londrina na última quinta-feira (8/05) para proferir uma palestra sobre quadrinhos, mais especificamente, sobre como se deu a evolução desse gênero da arte, desde a Idade da Pedra até os dias atuais. Eloyr Pacheco, que nasceu e cresceu em Londrina, é editor da “Metal Pesado”, revista de origem francesa, mais conhecida nos Estados Unidos pelo nome “Heavy Metal”. No Brasil, a revista seleciona exclusivamente quadrinhos brasileiros.

A história em quadrinhos é remetida à Idade das Pedras, quando o homem tinha o costume de relatar caçadas e outras atividades cotidianas na parede de suas cavernas. Os precursores dessa arte eram os mesmos que criaram o gênero dos quadrinhos. Isso porque as pinturas rupestres eram, indubitavelmente, uma arte seqüencial. Arte seqüencial que deixou heranças nos pergaminhos e alto-relevos egípcios e em várias outras manifestações artísticas do mundo antigo.

Já na era de Gutemberg, “a arte seqüencial era uma forma de vender jornais para quem não lê”, diz o editor da Metal Pesado. Segundo Eloyr, talvez seja essa a origem dos preconceitos que tratam os quadrinhos como um gênero inferior.

Inferior ou não, esse tipo de arte contribuiu para aumentar as vendas de jornais e se tornou altamente popular. Lançado em 1895, The Yellow Kid (O Garoto Amarelo), do americano Richard Outcault, marcou essa época e assinalou o início da produção de quadrinhos propriamente dita, uma vez que foi o primeiro a utilizar balões para expressar falas e pensamentos das personagens.

Arte em seqüência + história + balões = história em quadrinhos

Se antes tínhamos apenas a arte seqüencial, com a introdução dos balões passamos a ter a história em quadrinhos legítima. Como popularização sempre foi sinônimo de lucro, não demorou muito para que as grandes editoras tomassem os quadrinhos como um produto valioso. Tintin e seu fiel cachorro Milu, criados em 1929 pelo belga Georges Prosper Remi, ou simplesmente Hergé, formaram a dupla da primeira história em quadrinhos encomendada. Produziu-se aí o que o público queria ver e comprar: quadrinhos de mercado. A partir daí, foi um passo para Iron Man.

No último sábado (10/05) um grupo fantasiado de super-heróis circulou pelo Catuaí Shopping, pelo Calçadão e pelo Royal Plaza Shopping para divulgar o “Sesc em Quadrinhos”. Este evento do Sesc Londrina vai trazer oficinas e palestras sobre o gênero para o público londrinense entre os dias 14 e 31 de maio. Quadrinhos para quadrados.

 

 

 

Published in: on 13/05/2008 at 11:29 PM  Deixe um comentário  

Corrida Maluca. Não para todos

A quantidade e a variedade de veículos espalhados pelo trânsito caótico de Londrina são enormes; mesmo assim, existem pessoas que continuam vivendo como há décadas atrás. E o mais interessante: elas parecem ser mais felizes do que muita gente que anda de carro zero. Essa é a história de Seu Zé, carroceiro com muito orgulho e dedicação

 

Por Flávio Augusto

 

A cidade não pára de crescer. A pressa do dia-a-dia faz com que, cada vez mais, as pessoas busquem formas mais rápidas de se locomover. Mas há ainda quem prefira os meios de transporte mais antigos. Esse é o caso de José Trajano, de 54 anos, mais conhecido entre os moradores do bairro onde mora, a Vila Brasil, como Seo Zé. Ele trabalha como carroceiro desde criança, quando entregava pão e leite de casa em casa, sempre em cima da carroça.

Mais até do que um meio de transporte, a carroça é a forma de trabalho de Seo Zé. Ele construiu uma casa e sustentou a esposa e três filhos trabalhando somente como carroceiro. Por isso, acha que os animais não são apenas instrumentos para se ganhar a vida, mas sim, verdadeiros amigos.  “Ah, eu sempre gostei de criação… Aí ó, meus cavalo são tudo gordo, não tem nenhum magrinho não” (sic), afirma orgulhoso, apontando para os animais.

O cuidado é tanto que Seo Zé, dono de quatro cavalos, sempre reveza os animais no trabalho, para que eles não se desgastem demais. Quando perguntado se a esposa não se queixa do tempo que ele dispensa para tratar dos cavalos, Seo Zé responde que não: “ah, ela entende… o cavalo tem que ter o tempo dele”, explica.

Seo Zé é um fiel devoto de Nossa Senhora Aparecida e não perde sequer uma missa de domingo. Ele até montou um pequeno altar para a santa na varanda de casa. Talvez a fé seja a única forma de explicar como o carroceiro ainda está vivo depois de sofrer um grave acidente de trânsito. “Rapai, eu tava vindo e, daqui a pouco, veio um carro correndo e acertou a carroça com tudo… eu voei por cima da carroça… quando eu levantei, vi que ela tinha caído em cima da cabeça da minha mula, o bichinho morreu na hora” (sic), lembra entristecido.

Apesar de perder a mula no acidente, Seo Zé teve sorte, já que o motorista do carro prestou socorro. No entanto, nem todas as histórias acabam bem. Ele conta sobre outra batida envolvendo uma carroça. Nesse caso, o cavalo escapou com vida, mas o carroceiro infelizmente não sobreviveu. “Foi lá naquela Rua Humaitá, muito perigosa aquela Rua Humaitá… o ônibus acertou a carroça do homem, ele voou e bateu com a cabeça no chão. Morreu ali mêmo. O motorista disse que tava sol, por isso ele não viu, mas num sei, né?!” (sic), questiona.

Se antes do acidente Seo Zé já não gostava de andar por ruas muito movimentadas, depois dele, o medo ficou ainda maior. Quando está de carroça ele diz que não vai para o centro de “jeito nenhum”, tanto que chega a recusar ofertas de emprego caso precise passar pela região com o veículo. O carroceiro prefere mesmo trabalhar no bairro; acha que ali é mais calmo.

Mas mesmo no bairro, Seo Zé não se descuida. Nos horários de pico anda com a carroça quase encostada no meio-fio. Para ele, as pessoas têm muita pressa e não respeitam quem está um pouco mais devagar. “Os carro passa tudo correndo nas rua. Os motoqueiro também, sempre tenta passar pelo meio” (sic), comenta, olhando para o estreito espaço entre a carroça e os carros parados no semáforo.

Seo Zé acha que o trânsito de Londrina é muito problemático. As ruas são muito apertadas e existe uma falta de educação muito grande. Ele, inclusive, é alvo constante de buzinas e xingamentos de motoristas e outros condutores apressados. Mas Seo Zé finge que nem escuta e até encara a situação com bom humor. “Ah, o pessoal abre os braço, xinga, ‘êêô’ [imitando os gestos dos motoristas]. Palavrão eles fala também” (sic), conta, sorrindo pelo mau-humor alheio.

É por essas e outras, que Seo Zé diz que antigamente a vida era melhor para os carroceiros. Ele nasceu em Londrina e viveu numa época em que, além de mais ofertas de emprego, existiam também mais carroças nas ruas. “Antes era mais calmo, as pessoa não andava com tanta pressa, era tudo mais tranqüilo” (sic), lembra nostalgicamente. Entretanto, mesmo que a cidade tenha mudado, nos dias de hoje Seo Zé encontrou na carroça uma forma de se manter tranqüilo e feliz.

Published in: on 13/05/2008 at 8:54 PM  Deixe um comentário  

A CASA DO ROCK: Londrina ganha espaço dedicado à cultura independente

Por Felipe Teixeira

 

Em uma época na qual a aprovação da Lei Seca (que prevê o fechamento dos bares às 23h) e a escassez de locais para shows preocupam a esfera cultural da cidade, surge uma boa notícia: a Casa do Rock de Londrina iniciará suas atividades. Idealizado pela ONG Associação Cultural do Rock de Londrina (ACRL), o projeto já deu os primeiros passos para a abertura. De acordo com o presidente da ACRL, Gustavo Rocha, a expectativa é de que o espaço (localizado na Rua Prefeito Hugo Cabral, nº42) funcione até o começo de março. “Temos a verba disponível para a locação do imóvel por um ano e de parte do isolamento acústico. Como não recebemos todos os recursos previstos, em um primeiro momento, a casa vai abrir apenas para a realização de shows locais”.

 

O início

A história da Casa do Rock teve início em 2005, quando a ACRL, na época presidida por Valter “Ferrugem”, enviou um projeto ao Ministério da Cultura (Minc) para a aprovação do espaço como Ponto de Cultura. “A Casa foi aprovada, parte dos R$110 mil foi enviada, mas por questões burocráticas não conseguimos utilizar o dinheiro”, lembra Gustavo Rocha. A saída, então, foi inscrever o projeto na categoria de Vila Cultural para a seleção do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic). Um total de R$30,6 mil foi aprovado em 2006 e parte do valor já foi utilizado para o pagamento da locação e tratamento acústico do prédio, de aproximadamente 400 metros, que abriga a Casa do Rock.  

 

A proposta

Diferente dos locais para a realização de eventos, a Casa do Rock será um centro fomentador de atividades relacionadas à cultura local. Além do espaço reservado às apresentações, a Casa vai oferecer uma série de atrativos aos visitantes. “Nós teremos oficinas de música voltadas a turmas reduzidas, formadas por alunos carentes. Pretendemos montar, através de doação, uma biblioteca, uma CDteca e uma videoteca. O público poderá desfrutar do acervo dentro do próprio local”, garante Gustavo. A ONG prevê ainda a organização de workshops coletivos, com o objetivo de trocar experiências de organização em torno de ações culturais amparadas pelo poder público e pela iniciativa privada.

No que diz respeito aos shows, o presidente da ONG deixa claro que, na fase de abertura, eles serão realizados somente nos fins de semana, em horários permitidos pela legislação municipal. Além disso, a organização da Casa ficará responsável por um evento mensal. O restante ficará a cargo de produções locais, com prioridade para a apresentação de material inédito. “Queremos abrir um espaço para as pessoas que querem mostrar músicas próprias e valorizá-las por isso. Em Londrina, já existem locais que apóiam a cultura do cover. Muitas bandas não têm onde tocar por causa disso”, protesta o presidente da ACRL. Durante a semana, a Casa do Rock estará aberta para visitas, oficinas, mostra de vídeos e discotecagens.

 

Parcerias

Devido às dificuldades para a captação de recursos, a Casa do Rock deve firmar parcerias para a manutenção de sua estrutura. A ACRL ainda não tem certeza de como elas serão feitas, mas algumas idéias, como a utilização de banners e até mesmo de logomarcas de apoiadores em cartazes, podem ser colocadas em prática para resolver esta questão. Outra alternativa é aumentar o número de associados da ONG, a fim de abrir as discussões da cena local para um número maior de participantes e contribuir, através de taxas simbólicas, para o funcionamento da Casa.

Published in: on 13/05/2008 at 8:53 PM  Deixe um comentário