Londrina, Veneza e as pombas

Por Levy Henrique Neto

Veneza é uma cidade conhecida pelo seu romantismo renascentista e pela sua rica história. Mas ela também é conhecida por uma praga que assola a cidade a centenas de anos: as pombas. Londrina não tem qualquer semelhança com a cidade italiana, exceto a praga.

Em nossa cidade existem duas espécies de pombas. A Columbia lívia, também conhecida como pombo europeu, vive integralmente nas cidades e se alimenta de quase tudo, até mesmo de lixo. Porém a maior causadora de problemas é a Zeniada auriculata, uma espécie nativa de pombos que usam a cidade como dormitório. Elas têm o costume de defecar no lugar onde dormem, por isso geralmente há muita sujeira embaixo de algumas árvores. Elas também são mais numerosas e um pouco menores que o pombo europeu.

As pombas causam muitas doenças pulmonares, digestivas e dermatites alérgicas. Tais como a salmonelose, aquela mesma que dá intoxicação alimentar nas pessoas que comem maionese caseira velha, e até mesmo toxoplasmose, uma grave doença que pode matar se não tratada a tempo. Além dos problemas de saúde, há também o prejuízo causado por suas fezes ácidas, principalmente em pinturas de carros e monumentos históricos.

O assunto já é bastante conhecido dos moradores da cidade, como Leandro Akimura, contador, que teve que parte da pintura do carro corroída pelas fezes. “É feio ver toda essa sujeira na cidade, mas o pior mesmo são as doenças que essas aves trazem”, reclama Akimura.

Anne Christina Hiltel, médica veterinária da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, está envolvida na resolução dos problemas causados por pombos na cidade. Dentre os problemas ela cita os casos de uma escola que teve que ser fechada para detetização e da Gibiteca de Londrina, que teve seu acervo e mesas danificados pela infestação das pombas. O principal problema, ela diz, é a poluição dos rios e lagos da região, pois “lá no centro uma parte das fezes vai até o Lago Igapó através das galerias fluviais”.

Em um estudo realizado em parceria com a Unifil (Universidade Filadélfia de Londrina), Hiltel conta que o número de pombas contabilizadas por amostragem chegou a 170.000 e que se nada for feito esse número pode subir facilmente, já que as pombas não possuem predadores na cidade, além de se reproduzirem com muita facilidade.

Uma das soluções apontadas seria a permissão de caça para pombas, mas isso precisaria de um plano e de uma estrutura ainda inexistente da cidade, além, é claro, da permissão do Ibama. Mas como não há estimativa para que isso aconteça, o londrinense deve se acostumar com as pombas e todos os problemas que elas trazem.

Published in: on 09/04/2008 at 12:09 AM  Deixe um comentário